Você se vê diante de uma matéria amorfa: a argila. Pensa, planeja e começa o processo, já visualiza a peça pronta.
Precisa aprender a lidar com o tempo, a paciência, passar pelas etapas que o processo exige (dureza do barro, secagem, plasticidade, entre outros).
Após peça finalizada e inteira, você irá lidar com a surpresa, a ansiedade da primeira queima, nessa fase você terá a felicidade da peça retornar inteira ou lidar com a frustração de trincas, rachaduras e ainda pior quando receber apenas cacos. Uma segunda queima para esmaltes em temperatura ainda mais alta.
Esses são apenas alguns exemplos das várias etapas que envolvem a construção de uma peça de cerâmica. Mais importante do que chegar a um resultado bem sucedido com a peça é entender o quanto essas fases nos provocam e causam reações: o estímulo da nossa criatividade, lidar com nossa insegurança, frustração e aceitação de defeitos como trincas e rachaduras e desenvolver habilidades para resolver os incidentes que podem ocorrer.
Muitos são os benefícios de se trabalhar com a argila, assim como com outras linguagens artísticas, benefícios físicos e emocionais.
Mesmo que se busque apenas o relaxamento, ninguém passa “ileso” ao processo da cerâmica.
Ao modelar uma peça de argila você estará modelando a si mesmo.
Alexandre Malosti
Ceramista